– Diga que não estou.
A menina teve um estremecimento. De olhos bem abertos e espantados, fitou o cavalheiro por um momento e perguntou-lhe com voz humilde e respeitosa:
– Desculpe, o senhor não quer que eu diga que o senhor está ocupado?
– Não, diga que não estou, e acabou-se!
– O senhor me desculpe, mas não posso dar esse recado.
– Por quê?
– Porque sou cristã.
– E que é que tem isso?
– Tem que a minha religião me ensina que não devo mentir. O senhor me desculpe, mas deixarei hoje o emprego, porque sei que assim não podemos combinar.
O chefe da casa levantou-se, foi atender ao telefone e passou o dia humilhado, mas impressionado com aquela demonstração de fidelidade de uma empregada humilde.
Comentando o fato em conversa com um amigo, ele dizia: – Eu me sinto amesquinhado. Aquela menina está aqui longe dos parentes; se eu a puser na rua, ela não tem onde cair morta. No entanto, teve coragem de sacrificar tudo, tudo, por amor à verdade; e eu, que desfruto da posição social que tenho, ordenei que ela mentisse!
A japonesinha que deu este testemunho de fidelidade até hoje não sobe o quanto isso abalou e continua a abalar a consciência do patrão. Um testemunho bem dado é sempre assim. Produz efeitos muito mais amplos do que se pode imaginar.
À tarde, regressando à casa, o chefe se dirigiu à empregada nestes termos:
– Se você pretende sair por causa do que aconteceu à hora do almoço, não é preciso, pois eu lhe prometo que esse fato não se repetirá mais. Agora sei até que ponto vai a confiança e a consideração que você deve merecer.
Num mundo como o nosso, em que as mentiras convencionais são muito comuns, o testemunho de fidelidade dessa fiel cristã é, de fato, maravilhoso.
Fonte: Revista Únitas
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