Com um slogan que lembra o mesmo lema do Festival de Verão, “Movidos pela Fé”, o Canta Salvador, evento gospel realizado em Salvador nesta sábado (8), reuniu cerca de 30 mil fiéis no Parque de Exposição. O público se reuniu para “adorar ao Senhor” ao som de Damares, rapper Pregador Luo, Fernandinho, Thalles Roberto e Oficina G3. O show também contou com um trio elétrico, local destinado à apresentações de bandas locais, como Promessa e Primícias Roots.
Ainda teve um momento de “pregação” conduzido pelo pastor da, Lucinho Barreto. Para se encaixar nos “moldes mundanos”, a estrutura do evento ainda disponibilizou um camarote open-bar, repleto de água e refrigerantes, com falta de copos descartáveis já perto do fim do show. Apesar de ter uma grade de atrações muito longa, a maioria dos fiéis estava ali mesmo para assistir ao show de Thalles Roberto e Oficina G3.
Thalles, ex-backing vocal do Jammil e do Jota Quest, agora experimenta ares de celebridade gospel. Com cachê médio de R$ 60 mil, ele subiu ao palco já passava da 1h da manhã. Mas antes de subir, precisou enfrentar o assédio dos fãs-gospel e da imprensa-gospel que ficaram de plantão em frente à porta de seu camarim. O assédio talvez seja, em parte, pelo relacionamento que o cantor desenvolveu com o público baiano, desde o início de sua carreira. As bases do primeiro CD do cantor, o “Na Sala do Pai”, foram gravadas em Salvador, logo depois que o Thalles havia deixado o Jammil. A presença de palco do artista é inquestionável, e Thalles, de fato, no meio gospel, mostra uma ruptura na tendência da “gospelização” da música religiosa. Com o estilo marcado por influências da black music, que vai de Jackson Five a Lenny Kravitz, o cantor manteve o controle do público em seu show, do início ao fim, e o ponto auge de sua apresentação foi quando tocou “Deus da minha vida” e “Arde outra vez” em sequência. Thalles, ao Bahia Notícias, logo após o show, afirmou que um dos seus maiores sonhos é gravar um CD e DVD ao vivo na Bahia. “Acredito que um DVD em Salvador, para o povo assistir, vai dar uma taquicardia na galera, quando a galera começar a agitar, e a zuada começar a pegar fogo mesmo. Eu acredito que vai ser sensacional. Espero que o próximo seja em Salvador”, afirma.
O show do Oficina G3 começou já era mais de 3h da manhã. O público, já visivelmente cansado, sentava, encostava e dormia no camarote, e muitos já iam embora do Parque de Exposições. Os que ainda resistiam, guardavam suas forças para bater cabeça e gladiar – isso mesmo, fazer as famosas rodinhas que sempre rolam em shows de rock. O set list foi aberto com a música “Diz”, a mais nova de trabalho do grupo, do último CD “Histórias e Bicicletas”, seguida de “Não Ser”, emendada com “Meus Próprios Meios”, canção do CD anterior da banda, o “Depois da Guerra”, vencedor de um Grammy Latino, na categoria de melhor álbum cristão. Depois de um bloco de músicas tipo “baladinhas”, o público se preparava para pular, gladiar e bater cabeça ao som de “Depois da Guerra”, “Humanos” e “Naves imperiais”. Várias rodinhas se formaram nesse momento, e por isso, a banda encerra os shows com essas canções – para evitar maiores bagunças, talvez.
Alexandre Aposan, baterista do “G3” – abreviação mais utilizada pelos fãs da banda –, afirmou ao Bahia Notícias que a produção do evento deve ter deixado a apresentação deles para ser uma das últimas. “O pessoal colocou a gente para tocar por último, porque deve ter ficado com medo do público de G3 fazer rodinha e passar por cima do público da Damares, sei lá”, brinca. O último show da banda em Salvador foi em 2012, e segundo Aposan, o público baiano sempre recepciona a banda muito bem. O baterista ainda contou um pouco sobre o processo de gravação do último álbum, que seguiu a linha mais “CD Documentário”. “Esse CD está recheado de histórias verdadeiras que aconteceu com o G3”, afirma ao mencionar que, pouco antes de entrarem em estúdio, a esposa do vocalista Mauro Henrique faleceu de câncer. O CD foi gravado em Londres, “no berço do rock”, como diz Aposan.
Fonte: Bahia Notícias
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