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quinta-feira, 26 de julho de 2018

Adul Samon, Único Evangélico Entre Os “Meninos Da Tailândia” Recusa Participar De Cerimônia Budista

Os meninos que foram resgatados em uma caverna inundada na Tailândia, em um drama acompanhado por pessoas do mundo todo, foram ordenados como aprendizes de monges budistas nesta quarta-feira, 25.

Vestindo mantos brancos, os 11 meninos e seu técnico, Ekapol Chanthawong, chegaram ao templo Wat Phra That Doi Tung, localizado em Chiang Rai, província do norte da Tailândia, em um dia de chuva leve e neblina.

O grupo passará nove dias em outro templo budista, aderindo aos ensinamentos e preceitos do budismo, a principal religião do país.

Porém, um detalhe chamou a atenção. O 12º integrante do time, Adul Samon, de 14 anos, é cristão, e por isso se recusou a participar da cerimônia budista.

Samon era o único que falava inglês e conseguiu se comunicar com a dupla de mergulhadores britânicos que achou o grupo em uma câmara de ar da caverna.

“Quantos vocês são?”, perguntou o mergulhador assim que avistou os meninos aglomerados sobre uma rocha, tentando se manter distantes da água que inundou a caverna.

“Somos treze”, respondeu o adolescente, em inglês, para então perguntar “que dia é hoje” e dizer que todos estavam famintos. Os mergulhadores responderam que é “segunda-feira” e que o grupo já estava havia mais de uma semana na caverna.

Adul Samon nasceu em Wa, como é conhecida a região habitada predominantemente pelo povo e que ocupa uma parte de Mianmar e outra na China. A parte em Mianmar gozava de relativa autonomia, mas é palco, desde a década passada, de um conflito armado entre rebeldes do Exército da União Wa e as tropas de Mianmar que tem provocado a fuga de milhares de pessoas para os países vizinhos.

Os pais de Samon conseguiram enviar o menino aos 7 anos para estudar no norte da Tailândia, onde foi acolhido por um casal de professores membros de uma igreja cristã, segundo a agência AFP.

“Estamos muito felizes em saber que nosso filho está fora da caverna e para recebê-lo em casa. É o amor que Deus dá à nossa família. Deus é um grande amor e não há nada que Ele não possa fazer.”, disseram os pais de Samon, logo após o resgate.

Além de falar inglês, Samon fala birmanês, tailandês e chinês. Mas o que mais chama a atenção de quem conhece o jovem é a educação e a humildade.

“A primeira coisa que vem à minha mente quando falo sobre Adul é a educação dele. Ele faz o gesto ‘wai’ para todos os professores que passam por ele. Faz isso o tempo todo”, disse à AFP o professor Phannee Tiyaprom, da escola Ban Pa Moead, onde Samon estuda.

Segundo professores, o adolescente é apaixonado por futebol e toca piano e guitarra, além de ir bem nos estudos.

“Ele é bom tanto nos estudos quanto nos esportes. Conquistou várias medalhas e certificados de excelência para a nossa escola”, disse à AFP Phunawhit Thepsurin, diretor do colégio onde o jovem estuda.

Enquanto estavam presos os meninos trocaram cartas com os parentes, transportadas pelos mergulhadores. Samon escreveu que sentia saudades dos pais e pediu para eles não se preocuparem.

“Mamãe e papai querem ver seu rosto. Estamos orando por você e seus amigos, para que a gente possa se ver logo”, responderam os pais do adolescente.

Sem certidão de nascimento, carteira de identidade ou número de passaporte, Samon não pode se casar, arrumar um emprego, ter uma conta bancária, viajar ou votar.

O governo tailandês garantiu que registraria todos os apátridas até 2024, mas até agora muitas pessoas continuam em um “limbo”, à espera da documentação.

Fonte: Estadão/Premier

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